sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Uma vida!

Uma vida!

Escrevi poesias no vento
Andei pelo arco íris
Senti cheiro de absinto
Masquei ervas nativas.

Dormi em baixo da lua
Matei a sede na chuva
Corri para não chegar
Rezei sem ajoelhar.

Decidi no par ou impar
Blefei quando não tinha nada
Fiquei sério, mas quis sorrir.
E gargalhei pra não chorar.

Doei sangue e era vermelho
Comi feijão com farinha
Cuspi as pimentas fora
Me lambuzei de amora.

Fumei cigarro de palha
Li á luz de lanterna
Nadei pelado no rio
Vi as estrelas cadentes.

Ganhei bagagem e estrada
Garimpei cada beleza
Nunca fui dono de nada
Eu só escrevi poesia!
Santaroza

terça-feira, 24 de novembro de 2009

AINDA SINTO...


AINDA SINTO...

Ainda sinto o gosto de sal...
Do primeiro beijo que trocamos num portal...
Sim! Era um portal, a transcendência entre o sonho e o real!
A realidade selada por dois lábios sedentos...
Corações atrelados em alentos...
Olhares que falavam poesias...
Mãos que se tocavam frias...
Ainda sinto aquele gosto de sal!
Porque foi de todos o mais real...
Este se cravou no coração!
Os demais foram de paixão...
E como tal se perderam na esteira dos dias!
E se apagaram na fogueira já fria!
Que ironia!



Santaroza

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

CORPO!


CORPO!

Teu corpo molhado,
De frio gelado,
Na chuva que cai...
Teu corpo calhente,
De curva saliente,
Da chuva não sai...
Gitana a dançar,
Sem se importar,
Com a chuva que cai...
Teu corpo divino,
Estrada e destino,
Na chuva se vai...
Dança menina,
Profana e felina,
Na chuva.. Que ai...
A roupa colada,
Já toda molhada,
Pela chuva que cai...
Tuas curvas contornam,
Tua carne amorna,
E a chuva se vai...
Cabelo colado
No rosto molhado,
Da chuva que foi,
Teu corpo gelado,
Meu abraço apertado,
E a chuva?... Se foi...
Só restamos os dois!
Você e eu,
Meu corpo e o teu,
Gelado, calhente,
Gitana serpente,
Que me envolveu...
Com fogo e tesão,
Seu corpo vulcão,
Agora é só meu!


Santaroza

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

AUSENCIA!


AUSENCIA!

Quão terrível é esse sentimento,
Range na alma como lamento,
Tapa os olhos como cimento,
Leva-nos a vida pelo vento,
Transporta-nos por momentos,
De solidão e ferimentos!
Como dói uma saudade,
Não é sentimento é maldade,
Que rasga o peito sem piedade,
Expulsando-nos a realidade,
Do sorriso e da felicidade!
Quem me dera pudesse voar,
E pelo mundo te campear,
Pra novamente te encontrar,
E em podendo, te abraçar,
No teu ouvido declarar,
Só te busquei para te amar!

Santaroza

AMORE DE OUTONO.


AMORE DE OUTONO.

Caneca de vinho
Não se pode ficar sozinho
As noites são longas e frias
Geralmente solitárias e vadias
Tempo demais pra se beber só
Tempo de mais pra se ficar só
Na lareira crepita o fogo
E entre nós começa o jogo
De caricias
De malicias
De doçura
De loucura
Uma manta para nos
Não importa o mundo estamos sós
Eu você e o vinho
A lareira o fogo nosso ninho
O frio de repente vai embora
O vento range e chora lá fora
Sinto seu coração
Ponho a minha mão
Por entre sua blusa aberta
E minha mão lhe aperta
Vejo seus seios
E a eles tateio
E por eles passeio
Na busca do que anseio
O seu beijo é morno
E tudo gira em torno
Como se o mundo parasse
É nos é que girássemos
De olhos fechado sei o seu mapa
Roubo teu corpo da capa
E lhe degusto ao brilho da fogueira
Que resplandece de nossa lareira,
Você tem cheiro de flor
Teu corpo quer amor
Nos damos
E nos amamos
E nessa quimera
Lá fora é outono
Aqui dentro é primavera!


Santaroza

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

A COR DO PECADO!


A COR DO PECADO!



A cor do pecado,
Tem a tua cor,
Tem teu cheiro e sabor,
Tem teu calor,
É a tua cara de amor,
Tem teu jeito de flor,
E é sem pudor,
Pois é puro ardor,
A chama de teu fulgor,
Meu corpo no teu afogado em amor,
Como musica e trovador,
A romper a madrugada a beijar o teu suor,
De gota em gota no teu corpo, como um beija-flor,
A devorar o teu néctar com carinho e furor,
Pois que o pecado tem a tua cor!



Santaroza

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A SUA BOCA!


A SUA BOCA!

Quando beijo sua boca ouço sinos,
Sinos femininos...
Quando beijo sua boca vou da terra ao céu,
Sinto o mel...
Quando beijo sua boca fecho os olhos, vejo anjos,
Seriam arcanjos...
Quando beijo sua boca sinto fome,
Me come...
Quando beijo sua boca ouço melodia,
Seria harpa, cotovia...
Quando beijo sua boca, seu perfume me inebria,
Sublime alegria...
Quando beijo sua boca sou ave a voar,
Sou um homem a amar!


Santaroza

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uma brasa!


Uma brasa!


Das trovas que um dia fiz, todas se perderam, pois as escrevi no vento e às vezes nas águas, premido que fui pela brevidade do tempo.
De nenhum delas tenho lembrança, exceto aquele em que tomado de espanto devido á tamanha beleza fez-me sussurrar um verso, ao vento sob o luar.
Só dessa me lembro, porque essa ficou atrelada á minh’alma como os amores ficam presos aos corações.
Ainda hoje me lembro, porque ainda fulgura em meu peito o amor que senti por ti.
E nem o tempo com suas distâncias saudosas, é capaz de aplacar em mim o lume dessa brasa, nem mesmo o vento que a atiça vez em quando!


Santaroza

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Carta!


Carta!


Esperar faz-se necessário quando tormentas apontam no horizonte,
Assim, mande para os confins da terra as noticias de tardarei ainda,
Embora banhada se encontre a alma em suores de saudades vivas,
Submeto-me aos ditames das potestades para que, mesmo tarde, te encontre eu,
E no amanhã possa sufocar minhas angustias agasalhado ao peito teu,
Visto serdes a última ilha em que encontro minha paz!


Santaroza

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Latino!


Latino!


Com vagar como anda o trem
Vago só sem ser ninguém
Não que eu precise ser alguém
Me basta esse vintém.

Nasci em um berço duro
Largo porem seguro
Nunca tive dia escuro
Nunca fui velho, sou maduro.

Meu mapa é minha mão
Tem ranhura como o chão
O resto é com o coração
A alma é só um senão.

Amar é para muito poucos
Principalmente para os loucos
Paixão se bebe aos poucos
Entre uivos e gritos roucos.

Assim vivo o destino
Na verdade sem atino
Não sou bicho matutino
Afinal eu sou latino.

Santaroza

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Alma!



Alma!


Ao sabor da chuva que cai,
Lavada se encontra minha alma,
Peregrina que é das noites escuras,
Viajante dos sonhos de alguns corações,
Morna se deita em lençóis de cetim,
No afã de encontrar o sabor de teu beijo!
Alma minha incauta e incontida,
Sofrida e esfolada das guerras perdidas,
Batalhas de alcovas em noites de lua,
Ao som de pianos de butécos vazios,
Arfas ainda molhada de chuva,
Cansada da luta encharcada de amor!

Santaroza

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Silencio!


Silencio!


Estou exilado,
Eu e minha espada num canto calado,
Esperando a tempestade que vem,
E sem contar com ninguém.

Tracei minhas rotas á próprio punho,
É... Minha enxada eu mesmo cunho,
Fiz o que tinha que fazer,
Mas me resta um sonho... Viver.

Não vou chorar o leite derramado,
Se deu tudo certo ou errado,
Nada na vida é de absoluta certeza,
Nem mesmo a efêmera beleza.

Sou o que sou, porque sou,
Meu tempo inda não passou,
Por certo inda encontrarei fera,
Mas com certeza vira a primavera.

Eu e o silencio não temos segredos,
Sempre confessamos nossos medos,
É essa em fim, minha armadura,
A solidão me serve de atadura.


Santaroza