sábado, 31 de outubro de 2009

Amiga!


Amiga!


Era um dia quente de um mês de fevereiro qualquer...
O riacho naquele ponto era especialmente espetacular...
A água era verde claro e deslizava por sobre pedra brancas...
Dos dois lados da margem havia uma grama macia e uma cerca de flores brancas e amarelas...
Haviam borboletas despreocupadas, abelhinhas apressadas e um leve perfume de vida pelo ar...
Não se ouvia outro som que não os de nossa própria respiração e o sussurro do riacho...
Nestas horas de sol á pino até os pássaros se aquietavam para contemplar a beleza do dia...
Tua mão sobre meu peito, inda acelerado, seu lábio rosado sorria de nada e por tudo...
O céu estava azul e alguém fazia nele pintas brancas, que tentávamos adivinhar...
Te beijei novamente, o primeiro foi amargo, mas este tinha gosto das frutas dali...
E assim foi, num dia sem porque, de amigos passamos a amantes!

Santaroza

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Passadas!


Passadas!


A noite me engole
Temo pela minha sanidade
Falta luz em minha alma
Tanta é minha saudade.

Ouço uivo dos coiotes
Ou seriam meus soluços
Ventos que trazem cisco
Cheiro de folha mascada.

Espero que a lua venha
Que alguma luz me tenha
Fecho a porta da cozinha
Abro a janela da sala.

Não tenho lugar pra ficar
O relógio anda para traz
As arvores se movimentam
O campanário toca o sino.

Rezo e não rezo o terço
Um terço de minha vida
Águas na terra empoçada
Chuvas de mim choradas.

Reflito o reflexo da lama
Quantas noites, quantas camas
Falas mordidas e mascadas
E algumas que foram caladas.

Restou o resto de tudo
Alguns álbuns de retratos
Nem todos eu me encontro
Em alguns acho que faltei.

Cartas rotas amareladas
Algumas nem terminei
Outras nem li direito
Poeiras tomaram conta.

E o veleiro passou de lado
Veio tormenta na ilha
Perdi os rastros da areia
Nem voltar posso mais.

Santaroza

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Não precisa!

Não precisa!


Não quero foto
Gravarei na retina
E se apagarem as imagens
Voltarei para te ver!

Santaroza

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Amigo!


Amigo!



Não creio na amizade sem confronto
Porque não creio no amor sem encontro!
Não creio na amizade de possessão
Porque não creio no amor sem fração!
Não creio na amizade de um lado só
Porque não concebo o amor como a um nó!
Não creio em amizades de ocasião
Porque não confundo amor com paixão!
Não creio em amizade passageira
Porque não aceito que o amor seja fogueira!
Também não creio em amizade sem fim
Porque não aceito um amor que não caiba em mim!
Não creio na amizade que não se doa sem pedir
Porque não creio no amor que nasce para ferir!
A amizade e o amor têm as mãos dadas
Se um não nasceu
O outro morreu
Nem um dos dois é nada!



Santaroza

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Contando estrelas!

Contando estrelas!


A gaivota que voa ligeira
Bailando por céu anil
Não sabe de minha cegueira
Nesse veneno sutil!

Amor que me encharca o peito
Rebentando feito mar
Já se tornou meu defeito
Conjugar o verbo amar!

O mar que afaga a praia
Não me escuta o coração
Me fere como arraia
O assopro de sua canção!

Não sabe o sol no poente
A saudade que me invade
Deixa a areia inda quente
E meu peito em tempestade!

A noite sim me completa
E me traz inspiração
Afinal só sou poeta
Contando estrelas no chão!



Santaroza

terça-feira, 6 de outubro de 2009

De manhã


De manhã


A manhã nasceu azul
Com ondas brancas surfando no ar
O perfume era verde misturado a sal
Tinha gosto e sabor de vida!

Na vastidão deste cenário
Um fino fio de sol
Esgueirou-se pelo véu das cortinas
Atingindo tu pele rosada
Enrolada, ainda, no lençol!

Era ali o paraíso!

O mais belo quadro feito a pincel
Brilho, luz, cores, sabores e desejos
Tudo reunido em um único pedaço de ser
Num segundo infindável de amor
No encontro de meu eu com o teu!



Santaroza

Crer!


Crer!


Não creio mais nos sorrisos vesgos que se calam em valas rasas quando lhes convém,
Não acredito nos apertos de mão que se tocam de raspão para depois se esmurrarem,
Não creio nas falácias explicativas de soluções fáceis para a erosão do caráter geral,
Não acredito nas benesses de quem da o peixe e aumenta o gás de cozinhar e o feijão,
Não creio na causa partidária, meretriz ordinária vendida de déu em déu no maior bordel,
Não acredito mais na honestidade, obra de caridade, para vencer a desonra festiva,
Já não creio mais em tantas coisas que tenho medo de contar nos dedos quantas me faltam descrer,
Já não sei mais definir o certo e o errado, tudo se apresenta demasiado pardo,
Não sei se sou só eu a sentir, mas algo me parece feder enquanto as hienas uivam,
Só sei que apesar de não crer me resta a fé que me da o poder de ainda me indignar e escrever!




Santaroza

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Cada letra...

Cada letra...



Quando meu sentimento atinge a folha de papel, viaja a vida a galope pelo céu...
Qual borboleta a passear pelo arco-íris, como nota de canção em sol maior!
Brindo a vida em cada gole de poesia, faço do verso minha forma de folia...
Cruzando a noite, como a lua engole o dia, como o sol que com vagar se deita ao chão!
Sou eu esparramado em cada letra, em cada canto canta um de meus ais...
A folha branca é meu tormento e minha paz, pois cada verso bate igual meu coração!
Vou pela vida me perdendo e me encontrando, às vezes rindo outras chorando...
Pois o verso às vezes é o reverso, e o fado às vezes é enfado mas precisa ser cantado!
Compor é muito mais que só pensar, é deixar a talha transbordar, seja de espinhos ou de flor...
É decantar, purificar e propalar o amor, mesmo que a lágrima tinja o papel, premida pela dor!
Ah! Poesia meu pão de cada dia!

Santaroza

Cinzas

Cinzas


Levanta-te e vem
Me de a mão te quero bem.
Não te percas me encontre.
Não se intimide com o monte
Olhe apenas no horizonte
Venha beber de minha fonte
Sou eu a clamar no deserto
Longe e ao mesmo tempo perto
Siga meus passos e iras me achar
Basta apenas viver de amar!

Santaroza

Caminho

Caminho


Parado ao largo
Ante ás paralelas do caminho!
Olhos fechados
Sei cada passo dado ontem!
Sorriso aberto
Sonho os passos do amanhã!
E nessa construção
E desconstrução de mim mesmo
Tento
Na medida de meu desprendimento
Ser
Algo melhor para o futuro!
Não puro
Pois impregnado pelo meio estou!
Apenas melhor
Pois se fora pior, seria fácil
Por demais
A condução de meus dias!

Santaroza

Histórias!

Histórias!




O mar estava recolhido num silencio azul profundo,
a lua como que para acordá-lo disparava dardos de prata e sua superfície calma,
Assim como minh’alma que silente se encontrava, despertada foi, pelos dardos pontiagudos que reluziram num sorriso teu,
Minha noite se iluminou mais que a lua com a presença tua, como estrela em plena areia, qual sereia caminhando e me buscando com o olhar,
Teu perfume de mar, teu jeito dengoso de andar parecendo flutuar em pleno ar, me queimava de paixão, eu e ao mar em calma superficial,
A brisa que o mar soprava não era suficiente, meu peito ardia quente alagado pela emoção do beijo que me roubastes em plena escuridão,
Nada te perguntei, nada me perguntou, apenas me amou, e quando a manhã raiou, apenas suspirou e novamente me beijou e se foi como chegou!



Santaroza

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Fogo!

Fogo!


Se o fogo que me queima
Um dia te tocar
Arderemos feito estrelas
Em pleno relvado!

Como fagulhas no ar
Ao crepitar da fogueira
A nos consumir
No braseiro do amor!

E como cometa cintilante
Viajaremos a eternidade
Rompendo manhãs
Em céu azul!

Talvez cor de romã
Com vagar e para sempre
Em constante combustão
Ardendo em paixão!


Santaroza