quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Passadas!


Passadas!


A noite me engole
Temo pela minha sanidade
Falta luz em minha alma
Tanta é minha saudade.

Ouço uivo dos coiotes
Ou seriam meus soluços
Ventos que trazem cisco
Cheiro de folha mascada.

Espero que a lua venha
Que alguma luz me tenha
Fecho a porta da cozinha
Abro a janela da sala.

Não tenho lugar pra ficar
O relógio anda para traz
As arvores se movimentam
O campanário toca o sino.

Rezo e não rezo o terço
Um terço de minha vida
Águas na terra empoçada
Chuvas de mim choradas.

Reflito o reflexo da lama
Quantas noites, quantas camas
Falas mordidas e mascadas
E algumas que foram caladas.

Restou o resto de tudo
Alguns álbuns de retratos
Nem todos eu me encontro
Em alguns acho que faltei.

Cartas rotas amareladas
Algumas nem terminei
Outras nem li direito
Poeiras tomaram conta.

E o veleiro passou de lado
Veio tormenta na ilha
Perdi os rastros da areia
Nem voltar posso mais.

Santaroza

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